Turismo em Rodeio
Hoje
o Turismo Cultural é uma realidade para muitos municípios que buscam
desenvolver-se de forma sustentável e agregar mais valor a sua cidade. Ao
valorizar as manifestações culturais, folclóricas, artesanais e a arquitetura
da cidade o Turismo Cultural melhora a autoestima da população local. Mas, para
tornar-se realmente atrativo aos visitantes o Turismo deve envolver a
comunidade em torno deste objetivo, não só pela possibilidade do
desenvolvimento da economia local com a entrada de divisas, mas principalmente
visando o aproveitamento do Turismo como propulsor do espírito comunitário e da
melhoria na qualidade de vida da população. A chave para esta premissa está em
estabelecer um planejamento com definição de objetivos, conteúdos, gestão e
formas de promoção, buscando-se integrar a comunidade aos circuitos do Turismo
Cultural aproveitando a História local que em outras palavras é o resultado da
ação do homem em seu meio, gerando o que denominamos de patrimônio.
O
turismo é uma das formas das quais dispomos para revitalizar economicamente o
patrimônio histórico, uma vez que, constitui-se um produto autêntico da cultura
local. Segundo Margarita Barreto, o turismo é o “motor fundamental para
desenvolver o processo de identificação do cidadão com a sua história e sua
cultura”. O resultado é um Turismo
Cultural sólido, onde toda a população é coadjutora e conhecedora da bagagem
cultural característica da localidade. Assim, tornam-se membros e responsáveis
diretos pela infraestrutura, pelo acolhimento dado aos turistas e se beneficiam
também, junto com a administração pública, do sucesso do empreendimento que se
apresenta aos turistas com um diferencial entre produtos turísticos
similares. O projeto Turismo na cidade
de Rodeio desenvolvido junto aos alunos da Escola de Educação Básica “Osvaldo
Cruz”, cidade de Rodeio SC, tem como vital importância à proximidade dos alunos
com a sua identidade através do resgate da história do município, forte
influência dos imigrantes na formação dos costumes como folclore, arquitetura e
gastronomia; vocação para o turismo rural e cultural e por possuir um potencial
turístico principalmente no setor religioso e na cultura italiana. Aspectos
esses que contribuem para o desenvolvimento do turismo nesse município.
Todavia, nossos alunos partem do princípio da contextualização da história
sobre o município.
Construções Históricas Italianas
Igreja Matriz
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Eremitério
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Monumento do Cristo
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Museu dos Trentinos de Rodeio
|
O
município de Rodeio, com 135 km2 de superfície, situa-se nas terras da Serra do
Mar, a 88m acima do nível do mar, à margem esquerda do Médio-Vale do rio
ltajaí. Possui hoje a população de 7.900 habitantes. Integra as regiões
catarinenses colonizadas por imigrantes europeus advindos em meados do século
XIX.
As
famílias eram provenientes de Trento, no Tirol austríaco, região do Norte da
Península Itálica, mas que só lhe passou a pertencer após a Primeira Guerra
Mundial (1914-18). Causas econômicas e políticas tornaram difícil a vida desses
pequenos proprietários em sua terra natal, artesãos, operários e trabalhadores
deserdados, vendo-se, por isso, obrigados a emigrar.
No
contexto de busca de sobrevivência, surge na Europa a política de exportação de
mão de obra. Grandes companhias de navegação negociam o excedente humano com os
governos interessados em importar imigrantes. O comércio de mão de obra
tornou-se lucrativo. Ao aceno com uma viagem gratuita, bem como com outras
promessas de fartura de trabalho e de dinheiro nas terras além dos Alpes, os
austríacos decidiram-se a partir. As companhias tratavam com os governos
estrangeiros da partida de determinado contingente de emigrantes contra o
pagamento da importância da viagem. Daí a caça desenfreada e as ofertas
mirabolantes feitas a quem se dispusesse a partir.
Os
italianos que aqui chegaram vieram através do Contrato Caetano Pinto, feito com
o governo brasileiro. Por esse contrato havia o compromisso de um praza de 10
anos, trazer ao Brasil, 100.000 imigrantes. As famílias dos primeiros colonos
pertenciam a um grupo social compacto, muitos dos quais provinham da mesma
região. Não mantinham nenhuma ligação com o governo italiano, pois não
pertenciam à Itália. Formaram aqui um grupo sob a jurisdição do Dr. Blumenau.
Uma carta que o mesmo envia à Áustria, falando dos colonos austríacos, revela
bem o seu grau de repugnância para com esses italianos que estão descontentes
com a situação que encontram e exigem providências.
A
maior parte começa por colonizar e por pagar as terras que haviam recebido do
Governo Imperial. A partir da segunda geração, novas terras vão sendo
colonizadas por filhos de imigrantes. Assim nasceram Taió, Bom Sucesso, Dr.
Pedrinho, Laurentino, Pouso Redondo, Rio do Oeste, Agronômica e outras cidades
de Santa Catarina.
5-
Religião e Escola
Rodeio
não pode ser pensado sem referência à religião católica, assim como as
populações dos municípios catarinenses, formada pela imigração europeia, tem
nas suas tradições forte vínculo com as Igrejas. As tradições foram sempre
firmemente mantidas no município onde e população é l00% católica. A religião
constitui-se num elemento integrador da vida comunitária, envolvendo a vida
cotidiana da população. O mundo religioso era o horizonte cultural de vida do
camponês e de toda a família. Nas lembranças da população de Rodeio a submissão
e a obediência ás orientações do padre no âmbito geral de família, da
consciência e da moral foi ponto decisivo e fundamental. Os italianos que
chegaram a Rodeio traziam consigo tradição de 700 anos de submissão a uma
autoridade religiosa e civil.
Ao
lado da Igreja esteve sempre a Escola, que se confundia com a própria
organização religiosa. Em todas as diferentes comunidades, onde os imigrantes
se instalavam, ergueu-se imediatamente a escola. Na lembrança dos colonos há
uma identidade entre os préstimos religiosos e a instrução nas escolas. O
binômio Igreja e Escola transplantam-se e revive aqui, com tradição cheia de
rigorismo, que reforça a estrutura familiar tradicional, dando ênfase à família
numerosa e à subordinação à autoridade e ao poder paterno ou marital nas
decisões sobre a propriedade e a vida em família. A apologia do trabalho
pertence também a este universo cultural. A escola permanece até 1942 sob a
orientação da Igreja, quando se cria, nesse ano, o Grupo Escolar Osvaldo Cruz,
na sede do município, pelo Governo Estadual. Em 1962 cria-se o Curso Normal
Madre Avosani e, em 1967, por iniciativa de uma equipe do próprio município,
funda-se o Colégio Comercial Aldo Locatelli. Em 1975, este colégio conta 225
alunos no curso de Contabilidade e representa uma abertura em termos de
preparação de pessoal para o mercado de trabalho em escritórios e, mesmo, para
a continuação de estudos em Universidades.
O projeto visa colocar em prática os
conhecimentos adquiridos em sala de aula, que além de complementar a bagagem
teórica dos alunos proporciona uma grande experiência prática no
desenvolvimento da atividade turística através do contato dos mesmos com a
comunidade. Percepção das necessidades e anseios dessa comunidade em relação ao
turismo, não só como importante fator de crescimento econômico, como também de
resgate social e fortalecimento cultural do patrimônio e identidade de uma
região e sua população.
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